30.11.05

c.f.P. "clube de fãs do Patrão"



















Para reforçar as minhas palavras nos comentários do bost "O Objecto", bosted by Carlos Barata, tenho o orgulho de apresentar aqui em primeira-mão a criação do c.f.P. (clube de fãs do Patrão), tendo como sócio fundador Moi Même.

Aceitam-se inscrições tendo como requisitos preferenciais: A cor do colete e a altura do requerente.



P.S.: Penso que já era merecido um aumentozinho (de salário, bem entendido) aqui para o verdadeiro baixista da ronda, repito o verdadeiro.

Imagens da memória futura 10



Aqui se sentam os moços quando vêm da Ronda.

belo disco!

Ainda não vi mas já ouvi. Por algum motivo que eu sei qual é, os últimos discos ao vivo da Ronda, ainda que disfarçados de brinde, parecem ter, e no entanto têm, melhor som que qualquer outro da mesma (ou quase mesma).

Posta aberta

Meu caro João Oliveira:
Pensei em contactar-te de um modo mais sigiloso mas, posteriormente (ai jasus!), achei por bem entregar deste modo o meu testemunho público. Já aqui há uns tempos colocaste aqui a fotografia da jovem que ganhou o concurso da Playboy e eu não disse nada. Pensava que era um acto isolado sem consequências de maior.
Esta repetição de gesto leva-me a pedir-te que penses. Porque hás-de tu, amando e feliz, deixar conspurcar a tua mente com tremores pecaminosos mais próprios de um adolescente agitador? Pensaste, por acaso, que a minha própria companheira vem amiúde a este blog e pode pensar que eu também olho para essas coisas que passam pela rua, que estão nas paredes, na televisão e em todo o lado, até na net que no outro dia até fiquei maluco com umas coisas que por lá vi. Pára com isso. Devolve a este blog a dignidade que ele merece. Desculpa-me a franqueza e recebe as minhas desculpas. Do teu amigo sincero
Carlos Barata

Sitiado




Está no Metro, na estação em que mergulho de manhã e na outra em que me devolvo ao caminho de regresso a casa. Está na cafeteria onde tento despertar para a manhã, na magedoura onde improviso o almoço. Está no meu carro mal espreito a janela da rádio, no assobio das almas que partilham o meu espaço de trabalho. Está na minha cabeça e em toda a parte. O nome dela é o de Nossa Senhora, mas mais parece o Espírito Santo. E eu sem saber a quem endereçar uma prece que me livre desta praga.

29.11.05

O Objecto




Calhou-me ser, às 15.30H, o primeiro de nós a tê-lo na mão, ao DVD "Terra de Abrigo". Já em casa, sozinho, estive a vê-lo e ouvi-lo calmamente. Todos nós, se olharmos para ele com a lupa do profissional, lhe descobriremos defeitos. Se olharmos e escutarmos com os olhos e ouvidos da alma, ficamos derretidinhos. Todos sabemos naquilo que foi pensado(p.ex. os extras) e como tivemos de ir diminuindo as nossas perspectivas por falta de recursos vídeo e audiográficos.
Há uma história não contada que mete uns rapazes, heróis desta produção e já por mim devidamente homenageados neste espaço (7/11), que fizeram um "Barca Velha" de uma colheita de uvas mijonas. O que se andou e trabalhou para chegar a este Objecto valeu a pena.
Este Objecto tem muito boa gente dentro e dá-se por isso.
Este Objecto regista um grande momento e vale, também, por isso.
Este Objecto é honesto e limpinho, e percebe-se bem tudo isso.
Este Objecto é criticável, mas eu vou cagar n'isso.

Bela noite!!

Ontem o Jaime, meu grande amigo de Almada, e o Tóino Sousa, meu grande amigo de Tomar, vieram cá jantar a casa. O Jaime fazia anos mas isso nem sequer é o mais importante, a não ser o ele me dar a honra de o receber em data normalmente tida como importante.
Comemos uma belíssima galinha de fricassé (estava divinal), bebemos um (aliás dois) Dão Reserva "Quinta de Cabriz" que recomendo vivamente e um monocasta "castelão" da Quinta de Alcube em Palmela. Mas o grande condimento da noite foi conversa, muita conversa com dois viciados da música, que fazem parte da minha biografia e que eu estimo muito.
Ouvimos, ciceroneados por mim, o último do Paul mcCartney, que é uma aparição vinda do centro das maravilhas, as "Segue-me à capella" umas desconhecidas portuguesas que só não agradam ao casmurro mais insensível e uma coisa dos Beach Boys chamada "Smile" que começou a ser feita há 30 anos e que acabou no ano passado. Coisas de velhos com muito bom gosto.

Esta fotografia é do Tóino Sousa, em Maio passado, a tratar de um borrego no forno com batatinhas, na casa dele em Arroteia, Venda Nova, Tomar. Ou seja na àrea metropolitana de Tomar, ou ainda, na Grande Tomar. Aaah, grande Tomar.

25.11.05

Perdemos todos

A candidatura apresentada por Portugal e Espanha junto da Unesco para classificar a tradição oral galaico-portuguesa como património cultural da Humanidade foi rejeitada por esta agência das Nações Unidas. Outras 43 candidaturas tiveram melhor sorte, sendo declaradas Obras-Primas do Património Oral e Imaterial da Humanidade. Entre elas estão o Samba de Roda do Recôncavo Baiano (Brasil) e o Chope Timbila (Moçambique).

A notícia, ainda que triste para o esforço de toda essa generosa gente que empenhou dedicação e talento nesta causa - a começar pelos professores e alunos das escolas onde a bonita ideia germinou -, vale o que vale. O valor desta tradição única e fraterna não está refém de qualquer caução ou certificado. Mas é pena. De alguma forma, sinto que perdemos todos. E de repente fui invadido por uma saudade comovida das terras de Trás-os-Montes, Minho e Galiza. Vamos até lá?

24.11.05

Keith Emerson



Num dia de Maio de 1974, estava eu de passagem na Bélgica, fui à sala de La Forêt ver "Emerson, Lake and Palmer". Acompanhava-me, entre outras e desvairadas gentes, o meu amigo Jaime, conhecido naquele tempo pelo Jaime Gadelhas e que morava nessa altura na Bélgica por não querer passar férias remuneradas na Guiné. Saliento que, por esta altura, o meio sexagenário João Oliveira ainda estava nos punhos. Desta vez, 378 meses depois, o Jaime foi tratar dos dentes, correu mal e ele, desgraçadamente, não me acompanhou na reprise.
O Emerson é um herói da música e faz sentido para mim deixar-me escorregar pela audição daquelas músicas que conheço de cor, permitindo-me ouvir coisas que, realmente, a mistura sonora no concerto não deixava ouvir com facilidade.
Ele disse um dia que queria fazer com aquela peça de mobiliário de sala de jantar, que era o seu Hammond, o mesmo que Jimi Hendrix fazia com a guitarra. Naquele dia, em Bruxelas, metamerfoseou-se em Cristo a carregar o Hammond para o calvário, deu-lhe grandes enxacamentos de porrada, virou-lhe as tripas fazendo-o flatular ruidosamente para grande satisfação da turba que urrava aos seus pés.
Ontem, tanto ele como o público portaram-se melhor e ainda bem. Tudo terá o seu tempo.
Eu gostei muito de ir ontem ao CCB. Eu gostei muito deste meu segundo banho de Emerson.

23.11.05

Parabéns ao canoro!

Esta ave de arribação canora celebra o seu aniversário!
(cuidado com as gripes)

22.11.05

Está feliz, o João!!

E está feliz, porque os optimistas gostam de celebrar datas. E ele faz hoje uma data d'anos (parem lá com isso!!). Fica hoje a-meio-sexo-asnário,(expressão fonética de "a meio sexagenário"), em plena capacidade para ser um cidadão completo, pleno para amar, cantar, trabalhar, rir, comer, perder telemóveis, beber e uma inconfessável sucessão de etecéteras que lhe põe um sorriso no rosto.
Como ele é dado a essas coisas do Santoral, (que é o dossier dos santos da Igreja), aqui deixo os patronos do dia 22 de Novembro. Salve!
À cabeça a Santa Cecília, protectora da música e dos seus praticantes, que possui os atributos, pleonásticos, de virgem e mártir. O seu fiel Oliveira não lhe coincide nas virtudes, pois não é virgem nem mártir, mas secunda-a nos defeitos por via da prática pecaminosa do exercício da arrumação harmónica das tonalidades, semínimas e seus parentes, quadras e suas derivadas e, eventualmente, desafinadas variações.
Comporta o santoral algumas pérolas sonoras, que aponho como sugestão para um filho, um cão ou até um borrego, pois alguns não são mesmo nome de gente:
Os confessores Filemão, Ápfias, Columbano e Ultão.
Os mártires Agápio (Hpio?), Sisínio, Julião, Demétrio (o avantajado), Ulberto, Marcos, Estêvão e Mauro.
O Bispo Pragmácio (a sério!!)
Uma tal Eugénia que não me aparece qualificada e, para terminar, (James) Last but not (Franz) Listz, a incrível Trigida, Abadessa de... Oña.
Parabéns João!!

20.11.05

Antena 1

Não faço comentários ao som porque é evidente que se adivinha a minha opinião. Falei muito depressa, deu-me um pouco para o nervoso nesse dia. Será a idade ? Gostei muito do quarteto, detectei um erro na partitura do primeiro violino, na Canção de Janeiro, mea culpa.
Mas pareceu-me a Ronda muito bem. Abaixo os que reclamam mais ensaios... ( ao que alguém vai responder: mais não, um ! )
Vou dar os parabéns ao Barata, que cometeu a inacreditável proeza de não se enganar nas Letras das músicas. Extraordinário! Comovente !
Também gostei de ver o Pedro V, que no final, como sempre, ajudou com o material. Aquele sim, é um baixista completo, não é como alguns que é só politica e frases feitas do estilo " ondeéqueestáomeuamplificador? "

Retransmissâo

Alguém ouviu ontem a Antena 1? Eu não ouvi tudo mas do que ouvi gostei. É claro que havia desequilíbrios grandes no som mas tocou-se bem. É claro que o Pedro Pitta vai-se queixar de, nalguns casos, ter desaparecido e que provavelmente o bandolim estaria brutalmente intenso noutros momentos. Alguém gravou para memória futura?
Mensagei dois elementos deste simpático grupo mas só um me respondeu e só escreveu "Anastácia Bregantina" no que me pareceu a vontade de assumir um alter ego travesti.
Aguardo de"poia"mentos em bost ou comem-te.

18.11.05

Ao vivo em deferido

A todos quantos não tiveram oportunidade de ouvir a transmissão do último espectáculo na Antena 1 - como é o caso de todos os elementos da Ronda - informo que o Viva a Música repete amanhã, sábado, às 15.07.

17.11.05

O drama


Ou como se diz em inglês "drummer", aconteceu quando se falou em fazer o "line-check" (mais um anglicanismo desnecessário) e logo saltou para a bateria o nosso anfitrião Armando Carvalheda, que sempre nos soube surpreender com os mais variados dotes, mas desta vez nos deixou perplexos com a sua destreza na manipulação das vassouras, claro que ao contrário do que o nome deste bost indica, não foi nenhum drama, antes pelo contrário.
Bravo Armando!

Ronda na Antena 1 "ao vivo" - As fotos

Conforme por aqui escrito ontem, a Ronda apresentou-se hoje no programa que o Armando Carvalheda e mais uma equipa simpática e eficiente faz o favor de manter "ao vivo". Foi uma bela tarde musical em que nós, os 6 da Ronda, convivemos musicalmente com os 4 do quarteto de cordas, mais os presentes na lotada sala e mais os que puseram ouvidos na transmissão via rádio. Incluiu, que estas coisas valem pelo todo, um almoço no "Tó do marisco" com todos os participantes, que serviu para pôr a conversa em dia. Apareceu o Pedro V, nosso baixista de substituição que prometeu colaborar neste "blog" mais amiúde.
O fotógrafo oficial da Ronda não pôde comparecer mas não foi por isso que deixou de fazer algumas fotos que seguem a seguir:

Nesta primeira a Ronda iniciava a sua actuação com "Canção de Janeiro".




Esta segunda imagem foi tirada quando António Prata respondia a pergunta de Armando Carvalheda




Por fim a Ronda escuta os aplausos, simpáticos e acolhedores, dos espectadores



O fim do dia, após um brutal engarrafamento de trânsito, foi passado no restaurante " A brasa da Bela-vista", mais conhecido (por nós) pelo porco preto, onde comemos do dito e mais qualquer coisa. Bem!!

15.11.05

A Ronda vai à Antena 1 Ao Vivo - 5ª feira, 17, às 16 horas

Celebrando a chegada do DVD, qual digital oferenda em tempo natalício, a Ronda prepara-se para rodar num sítio ou outro, à espera de tornar visível a boa-nova (e quem não gosta duma boa nova?).
Começa tudo com a presença no oásis da música ao vivo nos média portugueses, sob os auspícios do mui alto e ilustre Armando Carvalheda, no programa "Antena 1 Ao Vivo" (5ª feira, dia 17, às 16 horas. Para espectadores "in loco" no Teatro da Luz no Largo da Luz ao Colégio Militar. Para ouvintes radiofónicos no 95.7 - FM.).
O alinhamento, à atenção de todos, principalmente dos queridos músicos, é o seguinte:
Canção de Janeiro, Duas Igrejas, Chula de Paus, Gota de Água, Flor da Rosa, Sol Baixinho, Baile da Povoação e mais Romaria e S. João+Fandango.
A Ronda far-se-á acompanhar de um quarteto de cordas, talvez um maestro guitarrista e dos seus 6-músicos-6.
Promete!!

14.11.05

Sons que ficam II



Bedrock
Winter & Winter / Dargil

Aqui se fixa a memória fresca deste disco ouvido pela primeira vez há duas semanas, horas antes deste vosso humilde companheiro ter tido o prazer de conversar com Uri Caine. Foi editado no momento em que o pianista realizava dois espectáculos de piano solo em Portugal, circunstância que teve o mérito de pôr em evidência o contraste em que se define a sua música. Enquanto o senhor subia a palco no mais solitário despojamento acústico, o segundo disco dos BedRock – colectivo que soma meia dúzia de músicos ao trio que Uri Caine mantém com o guitarrista Tim Lefebvre e o baterista Zach Danzinger – chegava para atazanar a paciência de quem tem de o catalogar na estante de uma loja. Em traços gerais, trata-se de uma colecção de 17 exercícios de groove electrónico que percorrem referências sonoras fundamentais da cultura popular norte-americana das últimas três décadas. Da electricidade funk cheia de uá-uás dos anos 70 aos sons dos mais pré-históricos jogos video dos anos 80 - que saudades do meu Spectrum! -, passando por aquela estética sonora própria dos game-shows televisivos lá da América, há um vasto e bem humorado universo de sonoridades inteligentemente recuperadas para uma música que, no essencial, diria que é jazz: ou seja, improvisação sobre um tema de base. Mas as etiquetas são sempre escorregadias quando se trata da música deste senhor.

12.11.05

A voz



A exposição chama-se Hardware+Software=Burros e pertence ao artista plástico italiano Oliviero Toscani. Basicamente, trata-se de uma série de catrapázios com imagens de asnos transmontanos em tamanho real. Tive oportunidade de ver esta mesma colecção em Julho, em Pontedera, Itália, inserida no programa do Festival Sete Sóis, Sete Luas. E é nesse âmbito que ela agora chega ao Castelo de São Jorge, em Lisboa.

O que me leva a chamar a atenção dos prezados companheiros não é tanto a exposição em si - sem qualquer desprimor pelo trabalho do artista e polemista que é Toscani -, mas a cobertura mediática que lhe foi dada. Eram 21.15 quando a a TVI decidiu filmar os asnos e demorar-se a falar deles, alongando-se em grandes planos dos animais sempre com a voz do grande António Prata em fundo. Nem mais. A peça tomava por banda sonora um tema da Ronda - concretamente, o Romance de Dona Mariana, interpretado por esse admirável timbre algarvio.

11.11.05

O Chato

Não. Não se trata desse meu primo, patrono da comichão íntima e infernizador de pouco higiénicas existências.
Para retribuir a visita do António Feio ao nosso espectáculo do Speakeasy fui ontem ao Teatro Vilaret ver "O Chato" e gostei.
O sobrecitado António Feio é um campeão de bom gosto a representar, mesmo quando é de um mau gosto excelentemente representado. Ele e os seus coadjuvantes, com Virgílio Castelo à cabeça, proporcionaram-me uma noite muito agradável.
Apesar de se terem posto entre mim e o Galiano, obrigado e recomendo!!

Sons que ficam

É inevitável que cada fim de ano traga consigo aquela contagiosa mania das listas, premios e restrospectivas que normalizam a memória colectiva. Tomo por isso a inciativa de me antecipar a essa inexorável avalancha editorial e, sem qualquer espécie de tentação evangelizadora, partilhar convosco, estimados companheiros, algumas descobertas de sons que me vão ficando deste 2005. Sem qualquer ordem ou hierarquia. Apenas puro prazer.




Trio Rouge
Intuiton / Dargil

Uma tuba, um violoncelo e uma voz. É da canzone tradicional italiana que se ocupa este Trio Rouge, com especial atenção à província central da Umbria. Foi por lá que nasceu Lucilla Galeazzi, a cantora que habilmente convenceu para esta ideia dois músicos franceses com um pé no jazz e outro na clássica. Nos braços de Michel Godard, uma tuba pode soar a qualquer coisa entre um trompete e um didjiridu. Tão depressa o ouvimos desenhar fraseados com a agilidade de um canário como imitar os ruídos matinais de um mamífero de grande porte. Depois há o violoncelo de Vicent Courtois, também ele capaz de perder e ganhar calorias como lhe dá na gana, alongando-se com extraordinária facilidade entre agudos virtuosos e graves musculados. À frente de ambos, a voz educada mas crua de Galeazzi, senhora de um sentido rítmico apaixonante. Uma colecção feita de juras de amor, palavras de resistência ao fascismo italiano e outras canções de sangue quente – parte de repertório tradicional, a maioria composta pelos três músicos – envolvida numa orquestração tão improvável quanto bem conseguida.

Galianissimo



Foi uma noite quase clandestina e muitas cadeiras ficaram por ocupar. Perderam os ausentes. Neste tempo em que se torna cada vez mais difícil achar heróis, achei um: Galliano (o amigo José Barros, que passa a vida a lamentar-se disso mesmo, de que "não há conquistas, não há heróis", coquilhas, caracóis e o diabo a sete, também por lá esteve). Finalmente percebi para que raio serve tanto botão. Um homem sozinho, em palco, albardado com um piano de cavalariça, é quanto basta para fazer soar um mundo.

9.11.05

Um génio à porta de casa



Ao fim de dez dias consecutivos de trabalho, havia um serviço que, apesar da estafa, me ia convencendo a adiar por mais 24 horas a folga que havia previsto para amanhã, quinta-feira. Esperava eu uma confirmação para, num hotel de Lisboa ou no Cine Teatro de Torres Vedras onde está decorrer o Festival Acordeões do Mundo, ir entrevistar o mestre francês Richard Galliano. A confrimação não chegou. E eu, de vontade dividida entre a possibilidade ouvir este fascinante personagem em pessoa ou dispor de um dia em casa para reorganizar a minha existência, resignei-me à escolha que esse silêncio me trouxe.

E foi então que ontem que, estando já eu pronto para dar o dia por encerrado, me cruzei - um pouco por acaso - com a informação de que Galliano de facto não estaria disponível porque, à hora a que enventualmente me poderia conceder a entrevista, teria de estar no Fórum Cultural José Manuel Figueiredo, na Baixa da Banheira. Ou seja, a dois quilómetros e uns trocos da minha casa.

É amanhã à noite, caros companheiros. Um espectáculo quase clandestino do mestre, a solo, mesmo aqui à minha porta. Ingressos ao preço único de 5 euros. Quem estiver interessado, avise-me antes das 14.30, hora a que abre a bilheteira.

Centésima posta de pescada




Sem distinção de tamanho, preparação ou tempero, todas igualmente suculentas e partilhadas com prazer. Com esta, contam-se precisamente cem postas de pescada. Parabéns.

Apontamento

Entre os espectáculos da Ronda com a Sinfonietta de Lisboa e os coros do Alentejo no Centro Cultural de Belém e a noite em que nos reunimos para realizar o último visionamento do DVD que em breve será editado com o testemunho dessas abençoadas horas, decorreram precisamente 590 dias.

8.11.05

O Patrão comprou outro DVD

Ora como sabeis estas coisas do video têm mãozinha do mafarrico, e ontem, quando nos preparávamos para o descanso do guerreiro ( que curto será por causa deste desassossego que nos anima e empurra para outra frente de batalha ) eis que ficamos todos dessincronizados do espírito por causa dos dessincronismos do cujo propriamente dito.
Que o problema era da falta de universalismo de leitura dos DVDs out-usina, e que um a sério é que será bom.

Impunha-se pois ver noutro aparelho, e eis que ponderadas idas várias chez companheiros vários, o patrãozinho largou 40 euros por uma geringonça de marca desconhecida, mas, ajuda celestial sem dúvida, leu na perfeiçãozinha o filme que nos tem atormentado o sono, quer no vetusto stéreo quer no moderno 5.1.

Mañana para Espanha, e seja o que Deus quiser. ( História sem grande história, mas ajuda a não deixar os dois missionários a sentirem-se sozinhos... )

7.11.05

Um dúvida professor

O professor Aníbal Cavaco Silva, candidato a Belém, teve a gentil prudência de nos avisar que, depois das eleições presidenciais, tão cedo não haverá melhor oportunidade de levantar a moral e enxertar o ânimo dos portugueses, cada vez mais mergulhados num pântano de desmotivação e desencanto.
Com todo o respeito pelo previdente exercício de psicanálise colectiva do professor, e sem qualquer intenção de menorizar a importância do plebiscito, permito-me descordar. Desde já ressalvo que não é minha intenção insinuar que o professor se enganou – o que, como o próprio teve já a amabilidade de nos explicar, seria circunstância inédita -, mas tão somente alimentar uma dessas raras dúvidas que o seu douto espírito admite.
E para tal socorro-me de dois exemplos que julgo suficientes para demonstrar que, felizmente, dispomos ainda de outras - escassas mas dignas – hipóteses de levantar hoje de novo o esplendor de Portugal. A primeira, que de mansinho se tem vindo a instalar na mais íntima esperança de todos nós, joga-se no campo da hipótese pura: Portugal pode sagrar-se campeão do mundo de futebol no campeonato que se disputará na Alemanha alguns meses após o referendo presidencial. Não é fácil, reconheço. Mas pode acontecer.
Depois há uma segunda hipótese que se joga já no campo oposto, o das certezas confirmadas, e que creio necessitar apenas de alguma publicidade mais, para pelo menos produzir um efeito paleativo sobre as feridas do nosso orgulho. Apresento-vos Liliana Queiroz, a jovem portuguesa que acaba de ser coroada Miss Playboy TV Latina.
Há dúvidas professor?


Mais do dvd

Depois de uma maratona louca em que alguns admirados (por mim) heróis deram o litro por uma gravação áudio-vídeo publicável, tivemos ontem um visionamento da obra na casa deste que se assina.
O clima foi de contido contentamento pois a sede de perfeição faz um colectivo exigente. Mas atendendo a toda a história do processo de publicação só podemos estar contentes. Há ali bocados deliciosos que tornam muito digno o fecho deste triângulo cd- espectáculos- dvd.
Como sou agradecido quero aqui deixar a minha gratidão aos que sobressairam pela competência específica, pela perseverança, pela teimosia e pela paciência: Oliveira, Pita, Prata e Salema (por ordem alfabética). Tendo eu uma quota do usufruto em nada condizente com o que, por esta vez, investi, digo-vos obrigado.
Estou ao dispor para o que virá, em nome da arte musical e do prazer de partilhar ideias com os meus caros amigos.
(E teremos prendinhas de Natal para dar à família.)

5.11.05

E vão sete

É apenas para chamar a atenção de todos para o facto de o Miguel Salema, prezado amigo e peça fundamental na engrenagem retorcida da Ronda, ter aderido a este comunidade como membro de pleno direito. Teme-se o pior.

June em Dezembro



Dia 2 de Dezembro, conto fazer-me à estrada para finalmente ouvir a senhora ao vivo. Vai ser na Casa das Artes de Famalicão, num espectáculo integrado no cartaz do Sons em Trânsito. Aqui fica o desafio a quem quiser acompanhar - o estimado companheiro Carlos Barata já se perfilou. Entretanto, informo que o novo disco de June Tabor aterra nas lojas na próxima segunda-feira. Chama-se At the Woods Heart e é o que se podia esperar: mais uma lição de puro bom gosto. Bem sei que a frase é oca. Se esperam uma crítica séria e informada, leiam no DN Música da próxima sexta-feira - por lá encontrarão um texto dedicado ao álbum, assinado por um rapaz que não cessa de surpreender, mesmo os seus mais fieis leitores, pela constante luminosidade do verbo e clareza de ideias. Agora é tarde, estou cansado e não me apetece racionalizar o fascínio em que estou mergulhado enquanto vos escrevo estas breves linhas e descubro essa voz de veludo e outono numa versão inesperada e perfeita do clássico de Ellingthon, Do Nothing Till You Ear From Me.

4.11.05

O Meu Santo

Celebra-se hoje, neste dia 4 de Novembro prestes a findar, o dia do meu Santo. Se eu fosse espanhol teria hoje estado em festa e haveria lugar a que os meus amigos me parabenizacem e, até, prendassem. Chama-se a essa festa o onomástico o que é, já de si, uma palavra fantástica, capaz de pôr qualquer criancinha espanhola em pânico por, ao não saber pronunciá-la, não ser capaz de encomendar os seus presentes favoritos.
Mas, meus queridos amigos, quem será esse Carlos elevado certamente com justiça à corte dos santos? É italiano, arcebispo, viveu no século XVI e tinha como nome completo (segurem-se, eu já sei disto há muito tempo e ainda tremo) pois dizia eu, tinha de nome completo, Carlos Borromeo.

3.11.05

Trabalho e jantar com o companheiro Vasco

Ora parece que finalmente o patrão atinou com a mudança da password e consegue escrever nesta geringonça. E em boa hora, por um lado para responder que os dois missionários não estão sós nesta luta, até porque a um dos missionários ficará certamente melhor o sobrenome de Tarzan Taborda do que o de " O Evangelista ", e por outro lado para relatar aqui uma tarde de trabalho com o companheiro Vasco.
Pois que o problema era de acertos com a géstica de direcção de orquestra, matéria em que não somos muito versados, pois que aquela batuta de um lado para o outro sempre me pôs os olhos em bico. E por falar em bico chegamos ao jantar, que quando há, a mim ninguém me tira a mão de vaca com grão. O Vasco ficou-se por uma açorda de gambas que parece que não desiludiu.
Ora acontece que os de bico estavam meio crus, ao invés da mão que estava bem, e para os que como eu entendem que a mãozinha vai muito bem com os de bico, que não aceitam um sem o outro, aquilo não podia ser. Pelo que pedi à menina que servia às mesas o favor de cozer um pouco os de bico, para ficarem à altura da mãozinha.Erro crasso, o tachinho voou com os de bico para a cozinha , a mão ficou sózinha, a açorda já no fim, venham de lá duas saladas de frutas que já me passou a fome. Como diria o Dr., jantar sem memória, mas com uma tarde de trabalho assaz frutuosa: o Vasco trabalhou e eu dormi a tarde toda.

2.11.05

Bravo

Queria aqui deixar uma saudação aos meus tenazes irmãos que esperneiam mas não esmorecem e também lembrá-los que este vosso, que por vezes dorme literariamente, tantas vezes não dorme literalmente dedicado a trabalhos que também a todos pertencem.

1.11.05

Imagens da memória futura 9


foto: Madalena Caninas

Praça do Geraldo, Évora, 30 de Julho de 2005

O Bleza

O Bleza vai fechar!
Não adianta construir aqui um muro das lamentações e derramar o leite para chorar nele depois. Se houver um terramoto até pode acabar o Casino Estoril ou o Coliseu e ninguém dar por isso. Mas eu não acho bem e nem me apetece argumentar.
Há uma petição na net "a propósito" em

A todos os santos

Hoje é dia de todos os santos, data consagrada a todos os bem-aventurados que salvaram sua alma e habitam o Éden, disfrutando a eternidade na visão beatífica de Nosso Senhor. Pertence este dia, carissimos irmãos, aos inumeráveis heróis anónimos, na sua imensa maioria esquecidos pelos demais mortais e pela História, que ao longo dos tempos foram passando desta vida para a seguinte em estado de graça, e pelos méritos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo foram sendo admitidos na sua companhia. Todos esses, embora esquecidos na Terra, são santos honrados neste dia. Todos por igual, sem qualquer distinção. Como se, por um dia, o Céu acreditasse em Marx.

E é à boleia do espírito deste santo dia, estimados companheiros, que perante vós realizo este acto de contrição: faz hoje precisamente uma semana que aqui escrevi as minhas últimas palavras, às quais se seguiram sete dias de jejum e silêncio que violam a promessa de, unindo forças com o irmão Carlos Barata, manter este espaço vivo apesar da inércia epidémica que se parece ter abatido sobre o restante rebanho, como se de uma influenza galinácea se tratasse. Recordo uma vez mais que, como a glória dos céus, também estas páginas da memória colectiva a todos pertencem. Inspirai-vos portanto, carissimos irmãos, no abençoado exemplo comunitário que vos chega de cima e tenham piedade destes dois missionários que começam a ficar fartos de pregar ao vento. Um santo dia para todos.