Pimentos de Patron

Caríssimos companheiros,
escrevo-vos sentado, pois não me sobra posição alternativa neste dia de ressaca. E escrevo para vos dar conta de uns inesquecíveis Pimentos de Patron, que me foram dados a provar em mais uma requintada recepção preparada pela nossa querida Letícia a pelo chefe António Prata. Difícil descrever esta iguaria, oh amigos meus. Parece Pimentos de Padron, mas fica-se pela semelhança. Isto é outra coisa. É qualquer coisa entre um pitéu e uma queimadura de terceiro grau, que nos deixa a fronha indecisa, com traços de um sorriso deleitado e outros de um esgar condoído. As lágrimas correm de prazer enquanto uma mão enrola em pânico mais um pedaço de pão e a outra treme o copo de vinho sofregamente emborcado. Um espectáculo, garanto-vos. Um manjar dos deuses corajosos, um petisco dos diabos mais afoitos. Aquece a alma, depois ferve a língua e por fim queima o olho.