18.3.09

57

A primeira vez que deitámos contas às coisas, levavas uma vida inteira de avanço. Eram 48 para 24, mais 100%, duas vezes tudo sobre o tudo. Desde então muito se andou, somou e subtraiu, multiplicou e dividiu, e tu sempre com esse fascínio pela matemática dos dias e dos caminhos, descortinando curiosidades estatísticas e coincidências absolutas no que fomos fazendo, decifrando simetrias perfeitas e distâncias relativas no que fomos sendo. Hoje, as contas podem até já nem ser tão simples. Mas isso já tu sabias, que não há equação sem falhas, sem tangentes à certeza nem derivadas do erro. Como também sabias, sabes e professas do optimismo das potências e das sucessões, da hipérbole da alegria que se descobre nos disparates e nas asneiras. Hoje são 57 para 33, ou 19 para 11, ou uma dízima que perpetua a perfeição da simetria e nos diz que levas agora mais 72,72727272…% da minha idade. Estou cada vez mais próximo e no entanto sei que nunca te hei de alcançar, como na velha parábola de Ulisses e da tartaruga - eu na pele do mito grego, tu na pele do cágado.
Posto isto, eu que não sou espírito de ciência certa, pus-me às voltas com as possibilidades matemáticas deste dia, na secreta esperança de calcular uma dessas piadas que valem bem perder um amigo. Nada. Cheguei a pensar dizer-te que neste momento és 95% ou 19 vinte avos de um sexagenário, mas nem o raciocínio me pareceu brilhante nem o gesto elegante. Por fim, lá tropecei numa dessas curiosidades de números redondos: 57 são cinco elevado a dois mais dois elevado a cinco. Não é grande coisa, mas serve o propósito. Parabéns caro amigo.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ora em primeiro lugar dar os parabéns ao senhor Dr. Carlos Barata, neste dia que não sendo das zonas húmidas, com alguma coisa havemos de humedecer as goelas, e à saúde deste nosso amigo, companheiro e camarada. O licor de amoras dos açores, sempre prometido e de muita saudade, já cá mora...
Em segundo lugar também cumprimentar o postante que se me antecipou em alguns minutos, quando me preparava para botar uma foto do dito cujo que com alegria aqui nos referimos, e sugerir que ainda coloque uma foto:ora por contraponto à foto das zonas húmidas aquando do aniversário aqui do moi, talvez uma foto de uma zona árida, sendo que o camelo é certamente o melhor símbolo do deserto...
Cabe ainda referir os cuidados de elegância nas referências do bonito texto, salientando essa belíssima imagem da literatura clássica: o escriba na pele do mito grego, e o nosso Barata na pele do cágado... Elegantíssima comparação!... Doutor, neste particular, a minha simpatia vai para o cágado...

quarta-feira, março 18, 2009 3:19:00 da tarde  
Blogger p.pita said...

Parabádo caguéns.

quarta-feira, março 18, 2009 9:44:00 da tarde  
Blogger pedro said...

parabéns ao decanoro.

abraço

quarta-feira, março 18, 2009 10:32:00 da tarde  

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