57
A primeira vez que deitámos contas às coisas, levavas uma vida inteira de avanço. Eram 48 para 24, mais 100%, duas vezes tudo sobre o tudo. Desde então muito se andou, somou e subtraiu, multiplicou e dividiu, e tu sempre com esse fascínio pela matemática dos dias e dos caminhos, descortinando curiosidades estatísticas e coincidências absolutas no que fomos fazendo, decifrando simetrias perfeitas e distâncias relativas no que fomos sendo. Hoje, as contas podem até já nem ser tão simples. Mas isso já tu sabias, que não há equação sem falhas, sem tangentes à certeza nem derivadas do erro. Como também sabias, sabes e professas do optimismo das potências e das sucessões, da hipérbole da alegria que se descobre nos disparates e nas asneiras. Hoje são 57 para 33, ou 19 para 11, ou uma dízima que perpetua a perfeição da simetria e nos diz que levas agora mais 72,72727272…% da minha idade. Estou cada vez mais próximo e no entanto sei que nunca te hei de alcançar, como na velha parábola de Ulisses e da tartaruga - eu na pele do mito grego, tu na pele do cágado.
Posto isto, eu que não sou espírito de ciência certa, pus-me às voltas com as possibilidades matemáticas deste dia, na secreta esperança de calcular uma dessas piadas que valem bem perder um amigo. Nada. Cheguei a pensar dizer-te que neste momento és 95% ou 19 vinte avos de um sexagenário, mas nem o raciocínio me pareceu brilhante nem o gesto elegante. Por fim, lá tropecei numa dessas curiosidades de números redondos: 57 são cinco elevado a dois mais dois elevado a cinco. Não é grande coisa, mas serve o propósito. Parabéns caro amigo.
Posto isto, eu que não sou espírito de ciência certa, pus-me às voltas com as possibilidades matemáticas deste dia, na secreta esperança de calcular uma dessas piadas que valem bem perder um amigo. Nada. Cheguei a pensar dizer-te que neste momento és 95% ou 19 vinte avos de um sexagenário, mas nem o raciocínio me pareceu brilhante nem o gesto elegante. Por fim, lá tropecei numa dessas curiosidades de números redondos: 57 são cinco elevado a dois mais dois elevado a cinco. Não é grande coisa, mas serve o propósito. Parabéns caro amigo.
3 Comments:
Ora em primeiro lugar dar os parabéns ao senhor Dr. Carlos Barata, neste dia que não sendo das zonas húmidas, com alguma coisa havemos de humedecer as goelas, e à saúde deste nosso amigo, companheiro e camarada. O licor de amoras dos açores, sempre prometido e de muita saudade, já cá mora...
Em segundo lugar também cumprimentar o postante que se me antecipou em alguns minutos, quando me preparava para botar uma foto do dito cujo que com alegria aqui nos referimos, e sugerir que ainda coloque uma foto:ora por contraponto à foto das zonas húmidas aquando do aniversário aqui do moi, talvez uma foto de uma zona árida, sendo que o camelo é certamente o melhor símbolo do deserto...
Cabe ainda referir os cuidados de elegância nas referências do bonito texto, salientando essa belíssima imagem da literatura clássica: o escriba na pele do mito grego, e o nosso Barata na pele do cágado... Elegantíssima comparação!... Doutor, neste particular, a minha simpatia vai para o cágado...
Parabádo caguéns.
parabéns ao decanoro.
abraço
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