7.5.08

Revista de quase imprensa

O Tiago Pereira escreveu este texto sobre o concerto de dia 3 para o Diário de Notícias. Acabou por não ser publicado por constrangimentos de espaço de última hora. Ou seja, saltou. Recupero-o aqui.


Concerto. Ronda dos Quatro Caminhos na Aula Magna
Uma visita guiada até à “sulitânia”
Espectáculo reuniu 70 pessoas em palco

No final do concerto, as palmas marcavam o ritmo e as vozes acompanhavam refrões de versos simples. De pé ou tentando ainda resistir ao enérgico contágio de 70 pessoas em palco. A noite desenrolou-se como qualquer processo de descoberta, mesmo entre os mais conhecedores: uma Aula Magna por encher foi motor para timidez inicial. Duas horas depois, a vontade era a de fazer parte da família musical que convocou o encontro. A Ronda dos Quatro caminhos chamou convidados especiais para recriar Sulitânia em palco. Assim fez e, pelo meio, encontrou espaço para conquistar novos apaixonados pelo rótulo “música tradicional”, deixando-o bem distante da mera curiosidade de um Portugal pitoresco.

Sulitânia é, em disco, encontro entre a Beira Baixa e o Alentejo, as suas histórias cantadas. Ao vivo, vimos renovar tal compromisso, que se tornou fisicamente real. E, nestas canções, a diferença nota-se quando as Adufeiras de Monsanto ajeitam os xailes antes de projectarem as vozes calejadas. Quando o coro alentejano, de mãos nos coletes e olhos erguidos, nos diz que o Sul é terra de harmonias perfeitas. Ou mesmo com o movimento matematicamente coordenado da Orquestra Sinfonietta de Lisboa, companhia aparentemente improvável mas em completa sintonia (assim tem sido desde há cinco anos).

A Ronda esteve no cruzamento de tais caminhos (percorridos ainda pelo Coro Eborae Música e pelo grallista catalão Miquel Gonzàlez), motivou-os e deixou-se motivar. Viajou de Trás-os-Montes ao Açores, mostrou orgulho na pesquisa musical que faz há décadas e quis deixar claro que a música que classificamos de tradicional não é relíquia a guardar cuidadosamente numa montra. Foi feita para ter letras esquecidas, guitarras assertivas ou dificuldades técnicas quando o som não corresponde ao desejado. Na Aula Magna todos os ingredientes estiveram bem medidos. E no Teatro Sá da Bandeira, no Porto, a mesa reúne os mesmos convidados, no dia 24.

1 Comments:

Blogger Ana said...

Adorei o concerto - Estava pronta para os ouvir por mais umas quantas horas - boa musica , boa disposição e o conhecimento musical que vos é característicos.
Bom trabalho - continuem a dar-nos boa musica portuguesa concerteza.
Beijinho
Ana

domingo, maio 11, 2008 10:35:00 da tarde  

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