14.3.08

Revista de imprensa

Ronda dos Quatro Caminhos
Musica popular e alta cultura



por: Carlos T. Sousa

"Terra de Abrigo, editado em 2003, é um dos melhores discos de sempre da música portuguesa, conduzindo-nos pelas músicas do imenso sul e esbatendo fronteiras entre o Alentejo, a Andaluzia e a peninsula árabe. Há muito que não se ouvia um disco tão arrepiante onde as vozes dolentes e imponentes dos coros alentejanos se complementam com a intensidade de uma orquestra sinfónica. E nunca a cultura popular se aproximou tão bem da chamada alta cultura clássica como aqui. Fruto de uma colaboração entre a Ronda dos Quatro Caminhos, Coros do Alentejo e Orquestra Sinfónica de Córdoba, Terra de Abrigo resulta num trabalho de pura emoção.
Cerca de dois anos depois a Ronda voltou ao sul e lançou Sulitânia, um disco onde vai mais além, alargando a sua influência à Beira Baixa, um trabalho onde se parte “em busca do lugar onde as tradições musicais da Beira Baixa e do Alentejo se cruzam com a tradição da música erudita”, segundo a banda. Trata-se de um disco onde a Ronda se junta às Adufeiras de Monsanto, ao Coral Guadiana de Mértola e ao Coro Polifónico Eborae Musica, com a participação especial do Quarteto Opus 4 e dos Cantares de Évora.
Só é de lamentar que as apresentações destes trabalhos ao vivo não tenham tido maior expresão sob a forma de uma grande digressão pelo País e pelo estrangeiro. Há 25 anos a divulgar a música portuguesa, a Ronda dos Quatro Caminhos devolve com estes trabalhos uma certa dignidade à música popular e aproxima-la das formas de expressão mais erudita com um resultado francamente positivo."



Sulitânia
"Se em Terra de Abrigo o destaque ia para os coros de vozes masculinas alentejanas, neste disco o leque de vocalizações foi alargado, passando a incluir vozes do folclore da Beira Baixa, representado aqui pelas Adufeiras de Monsanto em temas como Debaixo da Laranjeira. Os coros polifónicos também têm aqui lugar, com a presença do Coro Polifónico Eborae Musica que colabora em vários temas do disco. Neste trabalho de cruzamento de três culturas, o Alentejo não ficou esquecido com as vozes alentejanas do Coral Guadiana de Mértola, a marcarem uma vez mais presença neste disco em temas como Vai Colher a Silva. Sulitânia não tem a ntensidade mocional de Terra de Abrigo, mas ganha pela forma como cruza e complementa diferentes registos musicais com um resultado final muito bem conseguido, como se pode comprovar no tema que fecha o disco, Cravo Roxo, onde participam todos os intervenientes nesta gravação que nasceu de uma encomenda para um espectáculo."

in Semanário Económico, 14 de Março de 2008

2 Comments:

Blogger cbarata said...

Com apontamentos destes no "Semanário Económico" será que estamos perto de sermos cotados na bolsa?
Seriamos a primeira S.A.I.I., Sociedade Anónima de Irresponsabilidade Ilimitada, em que o anónimo era só um. o conhecido do costume.

sexta-feira, março 14, 2008 5:10:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Muito bom o artigo.

Também gosto muito de música e é sempre bom encontrar alguém de bom gosto. E nós bem sabemos quanto difícil é encontrar gente assim.

eu tenho alguns discos, em viníl da ronda do 4 caminhos, entre outros, numa colecção que atinge mais de 100 títulos.

Outro artista de muita cualidade é o Quim Barreros de quem também tenho alguns discos.
Gosta,não gosta? Será que podia esver sobre esse artista nacional que não à igual.

quinta-feira, maio 15, 2008 5:58:00 da tarde  

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