9.2.08

Revista de imprensa

É nestas contradições que redescubro a cada dia o encanto de pertencer a este ilustre grémio. Depois de uma infantil sessão de palermice, acumulada em forma de páginas amarelas nos comentários ao post anterior, eis que somos desafiados a reflectir sobre um certo cinzentismo da nossa postura. Não estou a querer fazer brincadeira com isto. Levem-me a sério. Escreve o João Lisboa no Cartaz do Expresso de hoje:

"O ensaio de estilização e (quase) elevação ao patamar de 'música de concerto'da tradição popular é, sem dúvida, conseguido, mas é impossível não reparar como, num terreno onde já muito pouco cerimoniosamente lavraram os Chuchurumel, Gaiteiros, Sétima Legião e Amélia Muge, Sulitânia resulta excessivamente engravatado e conservador."

O excerto é retirado de um texto interessante que junta o Sulitânia, o Vozes de Nós do Cramol e o Maria Café das Tucanas. Nele se encerra a ideia principal (única?) do que ali é dito sobre o que andamos a fazer.

Fico a aguardar os vossos comentários.

12 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Podes pôr um daqueles "aqui" que vocês todos sabem fazer e eu não, para ler o texto todo ?

sábado, fevereiro 09, 2008 12:01:00 da tarde  
Blogger Oliveira said...

Não há "aqui" (link), porque a coisa não está online. Foi copiada do papel.

sábado, fevereiro 09, 2008 12:27:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Para quando o concerto numa das grandes salas de Lisboa?
Anda meio mundo à espera da data....
Espero que seja anunciada em breva..
heldersalvado@gmail.com

sábado, fevereiro 09, 2008 4:55:00 da tarde  
Blogger Oliveira said...

3 de Maio na Aula Magna, caro Salvado. Faça favor de aparecer. Abraço.

sábado, fevereiro 09, 2008 8:34:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Excessivamente engravatado e conservador?

Não percebo.

Será que o autor se refere à análise formal das composições? Se sim, não percebo pk elas encerram várias fórmulas, embora a ABAmais utilizada l continua a ser universa e bastante utilizada em composições de hoje. À harmonia? Se bem que a textura seja padronizada, o facto é k podemos encontrar nos temas do hip hop e outra musica urbana actual alguns desses padrões , kuanto à análise harmónica… não tem de facto os clusters da musica contemporânea, embora as inversões e os encadeamentos não sejam d todo conservadores, visto utilizarem alguns elementos k vão da bossa nova ao serialismo. Tímbrico? Talvez aqui sim devido à utilização de timbres ancestrais, como a voz, o clássico quarteto… mas nem por isso piazzola seria conservador pela sua utilização…
…sem tempo para escrever algo mais, até talvez porque ficam vazias estas duas palavras iniciais e não sejam merecedoras de mais análise, fico me por aqui. Pim.

Pedro Fragoso

domingo, fevereiro 10, 2008 3:40:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Olha o Dr. Pedro Fragoso a dizer coisas sérias que bem que fala sim senhor.E eu também não digo mais nada senão os meus ilustres companheiros vão-me logo acusar de extremismos, radicalismos, e outros ismos...

domingo, fevereiro 10, 2008 11:49:00 da manhã  
Blogger PAM said...

Bem! Comparações a Sétima Legião? Deveria ter ouvido mais música nacional nos 90, está visto.
Vou tentar perceber a associação.
(se alguém quiser poupar-me tempo, pode explciar que eu agradeço)

Quanto ao comentário do Sr. João Lisboa, poderia utilizar os mesmos adjectivos sem serem depreciativos. Excessivamente engravatado, mostra um cuidado de apresentação, quer somente do jogo harmonioso, quer da canção como um todo; conservador, pois estamos a falar de utilização quer de coros alentejanos, quer de adufeiras, qualquer deles com ligações ancestrais à terra de onde advêm e com costumes muito marcados, quer de orquestras com o classicismo inerente. No global, o Sulitânia" poderia ser comparado a um prato gourmet: Excessivamente engravatado, mas conservador (pois as bases de refeição estão lá), mas ao mesmo tempo arrojado e bem feito.

(será que a Marisa quanto canta em concerto as árias imortalizadas pela Amália e é acompanhada por orquestra é chamada de conservadora? e de certeza que antes dela outros o fizeram... será que por isso foi referida por caminhar por terrenos, excessivamente engravatada e conservadora, onde outros pouco cerimoniosamente lavraram?)

domingo, fevereiro 10, 2008 4:20:00 da tarde  
Blogger Oliveira said...

Tenho dificuldade em decidir por onde começar... Espero mais tarde ter tempo para escrever um post com calma e cabeça, que é coisa que vai faltando por aqui. Numa coisa o António Prata teve razão, embora depois tenha decidido desistir dela: teria sido melhor não dizer mais nada, pois de facto há companheiros da Ronda que o poderiam acusar de alguns ismos. Previsível, de facto. Pois cá estou eu. Ismo, Ismo, Ismo. Não faz sentido. O breve texto que aqui transcrevi do Expresso começa, aliás, por tecer um elogio ao trabalho. É verdade que não fala em "beleza de cometa impossível", como a gente gosta, mas nada ali merece que se responda com ameaças de regorgitação. Também não concordo, de todo, com a adjectivação cromática do João Lisboa. Mas limito-me a isso. Já agora, permito-me discordar totalmente do caro companheiro Pedro Quinto: a crítica é, e deve ser, também, e muito, uma questão de gosto pessoal. É sempre um texto de autor e é precisamente essa a sua razão de ser. Mais tarde voltarei com um pau na mão (P.S. - vou repetir este comentário no outro post para ficar com a certeza de que fui lido)

domingo, fevereiro 10, 2008 4:44:00 da tarde  
Blogger cbarata said...

Gostava de ter falado somente do que escreveu o João Lisboa mas intervenções havidas por aqui esvaziam-me a vontade.
Já temos falado destas questões das críticas e desenrolado o grande rol de discordâncias que tenho para com reacções, quanto a mim, desajustadas. Como a Ronda não tem presidente da Assembleia ou Secretário-geral que me obrigue a disciplina de opinião, tenho que dizer que não estou nada de acordo com a acrimónia gerada para com o escrito.
Entendo até que não estamos perante uma crítica, mas sim de um mero comentário.
Compreendo que se ache conservador o trabalho que fizemos mas não concordo nem um bocadinho. Tanto o "terra de abrigo" como o "sulitânia" têm, para além da sua ideia fundamental (que é tudo menos conservadora), uma boa colecção de golpes de asa musicais inovadores e originais.
Quem ouve, (e compara com), os outros nomes citados, deveria perceber que estamos perante objectivos diferentes. Da minha parte, o objectivo era acrescentar dimensão musical melódica e harmónica a exemplares musicais tradicionais, mantendo-lhes o espírito original. Entendo, por exemplo, que o trabalho de Fernando Lopes Graça com a música regional portuguesa, do qual sou um fervoroso admirador, não tem essa preocupação de manter o espírito original. Ele transporta para a, tida como, linguagem musical do séc.XX, a música tradicional de Portugal. O objectivo não era esse.
Ás vezes desconfiamos que há muita gente que tem de nós uma imagem de engravatados. Assim como, há um tempo atrás, havia a ideia de que os grupos de música popular eram uns gajos da cidade, todos de esquerda e camisa aos quadrados, que andavam à volta do campesinato a exigirem-lhes cantigas para o gravador de cassetes.
É claro que não é a este tipo de confusões que o João Lisboa se refere. Mas lembrei-me...
Redacção: "O BLOG"
O blog é muito útil. O blog dá vontade de rir e às vezes também não. Eu quando for crescido vou ter um blog. Há pessoas que usam os blogs para desabafarem e eu acho bem. O meu pai diz que o blog é bom para a democracia. Eu gosto muito do blog.

domingo, fevereiro 10, 2008 5:55:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Tenho de escrever mais coisas assim, isto ganhou uma animação fora do normal. Se eu soubesse, ainda tinha dito mais umas coisinhas que me ficaram atravessadas por não dizer...Concordo muito com os comentários musicais do Barata,não concordo absolutamente nada com o resto do texto. O mesmo aliás se passa com o texto do João. Mas é como digo, não vou alimentar mais aqui o assunto. A não ser que a tal seja obrigado, como o Manuel Alegre...Mas nem assim.

domingo, fevereiro 10, 2008 8:18:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Começo por afirmar que não li o artigo que tem dado azo a tantos comentários. No entanto quero deixar a minha modesta opinião como grande apreciador da nossa musica tradicional. Reafirmo tradicional. Esta palavra abrange tudo o que o nosso povo desde o Minho aos Açores canta e dança. Alguns grupos lançaram nestes ultimos tempos trabalhos discográficos que intitularam musica tradicional, mas que quanto a mim de tradicional nada tem. Não basta colocar um ou outro instrumento mais tradicional sobre umas quantas palavras e cuja musica é uma fusão de sons que nada de raiz do povo tem, para se afirmar que é musica tradicional.
Ser tradicional é preservar o que o povo na sua raiz popular nos deu e nos dá. Ser tradicional é ser conservador, porque não? Eventualmente e sem fugir à sua traça dar-lhe uma roupagem diferente como a Ronda ultimamente tem feito. Mas a tradição está lá. Agora vai do gosto e da sensibilidade auditiva de cada um, sentir se o que nos é apresentado é de nossa plena satisfação.
Se a roupagem vem engravatada, de sapato envernizado, ou se vem de calça de ganga e de bota do campo isso não me interessa, o que me interessa como ouvinte é ouvir algo que me faça sentir a raiz do nosso povo. Se acho que tudo o que a Ronda apresenta é do meu inteiro agrado, claro que não. Tenho os meus gostos e até tenho como os melhores da Ronda, albuns já mais antigos . Mas enalteço e aplaudo os belissimos trabalhos que foram a 'Terra de Abrigo' e agora o 'Sulitânia'. Mas cuidado com a repetividade na musica alentejana. Termino fazendo referência ao ultimo cd das Tucanas 'Maria Café'. Bastou-me ouvir a 1ª faixa para fugir logo. Proverbios populares, mais esta linda frase com barbas de existência. 'Uma vez o tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem, e o tempo respondeu ao tempo que o tempo tem tanto tempo, quanto tempo o tempo tem'. Agora ponham-lhe percursão africanada por cima e digam-me o que é que de tradicional isto tem. Salvam-se as belas vozes femininas e a sua irreprensível afinação. Por amor de Deus, quem em musica tradicional quer por em pé de igualdade a Ronda(mesmo engravatada) e este trabalho das Tucanas ou deve ser um génio da musica tradicional ou sinceramente devo ser eu que não percebo nada disto. É por haver tanta e tão profundos atropelos e experiências em procurar novas sonoridades para o que dizem ser tradicional e com isso ir fazendo atropelos gritantes à verdadeira essência da musica do nosso povo , que muito boa gente prefere fazer uns kms e ir a festas e romarias populares, e apreciar, aí sim o que é puro e genuíno. Abraço e até dia 3 de Maio da Aula Magna.

quarta-feira, fevereiro 13, 2008 12:46:00 da manhã  
Blogger cbarata said...

Explêndido comentário o do Gaalmeida. E isto nem quer dizer que concorde com tudo o que por lá está. Mas, é convicto e abunda de sinceridade. Eu gosto imenso do "Maria Café" e nem sequer estou preocupado com a classificação. Aliás, as opiniões de laboratório andam-me a chatear. Parece coisa de musicólogos que são aqueles gajos que estão para a música como os ginecologistas estão para o amor. Vamos mas é ouvir música, absorvendo-a pela emoção e sem abusar da razão.

quarta-feira, fevereiro 13, 2008 9:55:00 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home