4.2.06

Em cartaz



O seu único pecado é talvez as 02h50 de duração. Munique revisita o trágico episódio da acção terrorista nos Jogos Olímpicos de 1972, em que onze atletas israelitas foram assassinados por uma brigada do movimento Setembro Negro, e segue depois a história de uma brigada da Mossad destacada na Europa para dar caça a destacados palestinianos indicados como responsáveis desse acto hediondo. Steven Spielberg coloca vários dedos em várias feridas ao mesmo tempo, levantando questões simples sem rejeitar a complexidade de um problema ancestral. É perturbante o modo como questiona as justificações políticas e colectivas para a violência sem abandonar a tarefa essencial de perceber como essa violência mata, lenta e inexoravelmente, todas as hipóteses de humanidade dentro de cada indivíduo. Que no fogo cruzzado de críticas que o filme vem motivando, Spielberg, o judeu, seja apedrejado com especial afinco pelos ortodoxos de Israel, é apenas prova da pertinência deste olhar.

3 Comments:

Blogger PAM said...

teno ouvido muita coisa sobre o filme que se resume a duas opiniões:
- primeira que o filme é mau; que se resume a uma corrida aos oscares, que não é fiel ao livro e que o sr. spielberg meteu o "pé na poça".

- segunda, que o filme é bom e não deve ser visto como um filme convencional, mas sim como informações várias que nos são transmitidas ao longo das 3 horas. um quase documentário que nos deixa a pensar.

apontas mais para a segunda, com a crítica que fazes? vale a pena ir ver?

terça-feira, fevereiro 07, 2006 11:33:00 da manhã  
Blogger Oliveira said...

Se é ou não fiel ao livro, é irrelevante, pois estamos no domínio da ficção - ainda que o argumento se inspire em factos reais e procure fazer uma reconstituição fiel dos acontecimentos históricos que enformam a estória destes personagens. Se é apenas ficção ou ficção sobre outra ficção, pouco me importa. Quanto ao rigor histórico do olhar de Spielberg, não sendo eu especialista avalizado, suponho que seja apurado, uma vez que ainda não encontrei qualquer cítica pertinente e imparcial que lhe pegue por aí. Quanto ao objecto artístico que é o filme, direi que Spielberg filma como poucos e tem aqui um dos pontos altos da sua carreira: afasta-se da dimensão cinema espectáculo que o notabilizou, filma com grande realismo e dimensãohumana, sem perder a sua capacidade única de emprestar verosimilhança às cenas mais improváveis.O seu grande pecado, repito, é alongar-se para lá do necessário, acrescentando alguma gordura lamechas a mais. Por mim, aconselho vivamente.

terça-feira, fevereiro 07, 2006 2:44:00 da tarde  
Blogger PAM said...

joão, um muito obrigado!
tenho de ir ver o "muniche"!

quarta-feira, fevereiro 08, 2006 10:46:00 da manhã  

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