Diário de Notícias
Quando eu era miúdo os pais dos meus amigos dividiam-se em dois grupos: Os que compravam o Século e os que compravam o Diário de Notícias (repare-se que, por esta altura ainda se chamava assim, por extenso, e não DN como agora sói dizer-se). No espírito dicotómico tipo Sporting-Benfica de que este país padece, defendia-se a opção paterna e achincalhava-se a dos parceiros. Lembro-me que diziamos do Século que sujava muito mais as mãos, por exemplo.
Por tudo isso aprendi a ter o Diário de Notícias como referência, orgulhoso dos seus aniversários (juro! vocês não fazem ideia do que é ser educado no fascismo), orgulhoso da organização do Natal dos Hospitais e invejoso da "Colónia Balnear de O Século".
O meu pai, que trabalhava muito como era usual nesse tempo, arranjava sempre um tempinho antes de jantar para se deitar a folhear aquele lençol de papel. A necrologia era imperdível. Além de assim saber de um ou outro conhecido que se ia embora também servia para aumentar a sua colecção de nomes fantásticos que ele debitava ao jantar para risota de toda a família.
Eu fui criado com o Diário de Notícias e diversos acontecimentos têm, na minha imaginação, a cara da sua 1ª página.
Ai o que eu não teria vibrado a contar os dias que faltavam para o número 50.000.
este post vai dedicado, também, ao João Oliveira
5 Comments:
Esta vida tem mistérios. Uns acompanham-nos até ao último suspiro, outros revelam-se nos pormenores mais inesperados.Penso que o Pai do Carlos Barata dizer ao jantar os nomes mais imprevisíveis dos defuntos recentes ( à época ) e isso servir de risota geral, explica muitos mistérios...muitos...
Aceito os parabéns por 1901 edições. Mais coisa menos coisa.
Acrescento que era piada familiar dizer que os gajos com nomes esquisitos iam desaparecer porque estavam todos a morrer.
Esta 1º página que ilustra o post estava pendurada na carpintaria do Senhor Pité que era o carpinteiro do Colégio Nuno Álvares e um bom amigo meu. Se tivesse sido eu a escolhê-la (foi o João!) não teria escolhido melhor.
Com uma frase destas: "Aqui, base tranquilidade. A águia alunou", eu poderia não resistir á tentação e fazer uma daquelas piadas baratas (atenção que aqui o "baratas" é relativo a pouco dispendiosas) futebolísticas, mas como o "bost" é um belo "bost", vou-me escusar disso e simplesmente mandar os parabéns ao amigo Carlos Barata (barata agora já relativo ao nosso "bostardor"), e que, por razões óbvias se estendem ao Oliveira.
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