13.9.05

Memórias presentes

Correndo o risco de andar a particularizar o que colectivo devia ser, deixem-me recordar, resumidamente um pedacinho da minha vida.
A minha mãe, que se foi faz amanhã dois meses, era professora de piano e dava as suas aulas em casa, em Tomar, onde vivi até aos meus quase 18 anos. As lições, os seus ruídos musicais, as escalas e os exercícios (o Hahnon), as peças e solfejos, foram a banda sonora da minha infância. Não se pense que eu ou os meus irmãos absorviamos tudo aquilo conscientemente. Não sabiamos o que ouviamos e nem sequer ligavamos muito. Trauteavamos as músicas até com os erros dos alunos, o que por vezes tornava tudo bem divertido.
Vem isto a propósito de, às vezes, ouvir uma peça, reconhecê-la, e andar às voltas a tentar perceber porque é que aquilo me soa tão familiar. No Domingo de manhã, estava a ler o jornal e a ouvir o "Mezzo", reconheci uma música que me visitava vinda do passado. Olhei e li que era Schubert e o "Momento Musical nº 3".
Obrigado património genético, obrigado subconsciente.
Que rica maneira de começar um Domingo.